O Mercado de Arte em Transformação: Insights do Relatório The Art Basel & UBS Art Market Report 2024
Por Marta Fadel Martins Lobão
Após dois anos de crescimento significativo, o mercado de arte global enfrentou uma desaceleração em 2023. Segundo o The Art Basel & UBS Art Market Report 2024, as vendas caíram 4% em relação ao ano anterior, atingindo cerca de US$ 65 bilhões. Apesar disso, o valor permaneceu acima do nível pré-pandêmico de 2019, que registrou US$ 64,4 bilhões.
O Cenário de 2023 no Mercado de Arte
A desaceleração no topo do mercado, impulsionada por altas taxas de juros, inflação e instabilidade política, contrasta com o aumento de 4% no volume de transações, que atingiu 39,4 milhões em 2023. Esse crescimento foi atribuído ao dinamismo das vendas em faixas de preços mais acessíveis, enquanto as negociações no segmento superior apresentaram retração.
Para a Dra. Marta Fadel, advogada, colecionadora de arte e diretora-curadora do Instituto Cultural Sérgio Fadel, o mercado de arte é altamente influenciado por fatores econômicos, culturais e tecnológicos. Na visão da especialista, vivemos um momento de maior democratização do acesso à arte, impulsionado pela digitalização e o crescimento de plataformas online, enquanto o segmento de luxo continua a sustentar a demanda por peças de alto valor.
Fatores que Influenciam o Mercado
Dois fatores se destacam nesse cenário:
- Expansão do mercado online: A digitalização facilitou a compra de obras de menor valor, aumentando o número de transações, mas reduzindo o ticket médio.
- Incerteza econômica global: Compradores adotaram uma postura mais cautelosa, concentrando-se em aquisições diversificadas e com menor custo.
Esse comportamento reflete tanto prudência quanto a busca por novas oportunidades, especialmente em tempos de instabilidade econômica.
Projeções de 2024
A Dra. Marta Fadel acredita que 2024 seguiu tendências semelhantes, especialmente nos mercados emergentes e em segmentos que abraçaram inovações tecnológicas, como NFTs e inteligência artificial. O desempenho global, no entanto, pode ter sido impactado por fatores externos, como crises geopolíticas ou recessões regionais.
Regiões que investiram no fomento cultural por meio de políticas públicas e parcerias com instituições privadas podem ter experimentado maior crescimento, atraindo novos colecionadores e promovendo o desenvolvimento do mercado de arte.
A Dualidade: Comércio Online vs. Offline
Embora o mercado online continue crescendo, a venda de itens de alto valor ainda é predominantemente offline. Segundo Marta Fadel, isso ocorre porque esse segmento depende de relacionamento, confiança e exclusividade. Compradores de obras de maior valor preferem avaliar presencialmente as peças, garantindo autenticidade e qualidade. Além disso, transações presenciais em galerias e eventos renomados oferecem uma experiência simbólica e personalizada que o ambiente digital ainda não pode replicar.
Tendências para o Mercado de Arte em 2025
Marta Fadel prevê as seguintes tendências para o futuro do mercado de arte:
- Hiperconexão digital: Maior uso de tecnologias como inteligência artificial e realidade aumentada em exposições e plataformas online.
- Sustentabilidade: Artistas e obras que priorizem práticas ecológicas ganharão destaque.
- Regionalismo: Interesse crescente por artistas de mercados emergentes, valorizando a diversidade cultural.
- NFTs evoluídos: O uso da tecnologia blockchain será mais maduro, com foco na autenticidade e exclusividade digital.
- Experiência híbrida: Eventos combinando interações online e presenciais ampliarão o alcance e o engajamento do público.
Conclusão
O mercado de arte reflete as transformações sociais, econômicas e culturais do mundo. Em 2025, a expectativa é de que a arte continue desempenhando um papel crucial como ferramenta de impacto social, abordando temas como sustentabilidade, inclusão e mudanças climáticas. Além disso, a educação artística e as redes sociais deverão atrair novos colecionadores, principalmente das gerações mais jovens, interessadas em arte como forma de expressão e investimento.
A colaboração entre artistas, marcas e tecnologias promete expandir ainda mais os limites do mercado de arte, reafirmando sua capacidade de adaptação e reinvenção diante de novos desafios.
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