Comunidade LGBTQIAP+ se mostra mais presente e necessária na sociedade
Com o avanço dos anos 2000, os membros pertencentes à comunidade LGBTQIAP+ passaram a exigir mais espaço na sociedade e nas posições de destaque, visando dar mais luz à sua luta. Apesar de ainda enfrentarem muitos desafios, pautados na descriminação e preconceito, os mercados mostram, aos poucos, mais abertura para a inclusão de produtos, serviços e direitos a essas pessoas.
Na questão mercadológica, esse público já se apresenta como um nicho de grande valor e potencial. De acordo com a Nielsen, empresa de medições e dados germânico-americana, no ano de 2021, a comunidade gastou até 10% a mais em produtos, quando comparada com o restante do público, mas é pouco explorada pelas empresas brasileiras em questão de serviços e lucros. Dentre os produtos que são mais consumidos, quando comparados, estão: Vinho; Computadores e Produtos Eletrônicos; Bebidas alcoólicas; Barbeadores; Produtos de Higiene pessoal Masculina.
Para efetivar a inclusão LGBTQIAP+ em diferentes ambientes sociais, é essencial adotar uma abordagem integral, que englobe tanto o lar quanto escolas e locais de trabalho. Isso passa pela implementação de políticas inclusivas e respeitosas à diversidade, além de programas educacionais destinados a conscientizar a comunidade e líderes sobre todas essas questões. A formação de redes de apoio também é fundamental para estabelecer ambientes acolhedores, permitindo que os indivíduos da comunidade prosperem em todas as áreas da vida.
Para o advogado e ativista em prol da diversidade, com cursos de especialização em negociação e mercado de capitais em Harvard, ex-professor da USP (Universidade de São Paulo) e Mackenzie em Direito Comercial e Societário, Nilton Serson, “com a ascensão econômica e social, grupos politicamente minorizados começaram a cobrar seus devidos lugares em diferentes nichos de negócios”.
Quando olhamos para as políticas públicas, assuntos como a criminalização da homofobia, agora equivalente ao crime de racismo, e o casamento homoafetivo ainda passam por momentos de aprovação e desaprovação por parte de políticos, seguindo sua posição partidária. Além disso, é importante notar o crescimento de representantes da comunidade em cargos públicos, nas câmaras estaduais e federais de diversas esferas.
Na visão de Serson, “sua inserção na política é vital para assegurar representatividade e voz. No Brasil, apesar de uma presença ainda limitada, houve avanços na presença LGBTQIAP+ nas câmaras legislativas nas últimas eleições. A participação política ativa dessa comunidade é crucial para avançar em pautas importantes, incluindo propostas recentes que tornam documentos de identidade mais inclusivos”.
Como um dos espelhos da sociedade, o esporte também serve de palco para a luta contra o preconceito. Tendo o futebol como um dos maiores expoentes de popularidade e episódios de rechaço à comunidade, algumas torcidas organizadas passaram a ser criadas e pensadas estritamente para essa parcela da sociedade, com a pretensão de dar mais espaço e respeito às vítimas desse tipo de violência.
Dentre os clubes e torcidas mais famosos, podemos ver a FielLGBT, do Corinthians, e a PorcoÍris, do Palmeiras. Ambas seguem o caminho trilhado pela Coligay, do Grêmio. Suas presenças no estádio servem para demonstrar a luta da comunidade LGBTQIAP+ para ser inserida em espaços normais, como todo o resto da sociedade.
Entretanto, a luta no futebol ainda caminha lentamente, tendo raros casos de pronunciamento e ações efetivas dos clubes e de posicionamento de jogadores. Até os dias de hoje, poucos são os casos de profissionais na ativa se declararem abertamente gays, bissexuais ou de qualquer outra orientação sexual. Recentemente, o Bahia elegeu seu primeiro presidente assumidamente gay, o ex-goleiro e ídolo, Emerson Ferretti, sendo o único dentre os 124 clubes das quatro divisões nacionais.
Portanto, a luta pela igualdade e representatividade está gradualmente transformando o esporte, a política, as famílias e o mercado de trabalho, mas ainda há desafios a superar. A mensagem é clara: a diversidade é fundamental para criar ambientes mais inclusivos e respeitosos em todos os setores da sociedade.
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