Colapso do banco Credit Suisse causa turbulência no mercado financeiro mundial. Especialista aponta que médias empresas brasileiras não serão afetadas
Ainda num ambiente bastante fragilizado, em decorrência da crise financeira causada pela pandemia de covid-19, e levando em conta também todas as incertezas de mercado ainda causados pela guerra na Ucrânia, o mercado financeiro receia que nem os Bancos Centrais, espalhados pelo mundo, saberiam exatamente o que fazer, o que pode ser um viés bastante perigoso.
Não bastasse esse impacto do colapso do Credit Suisse, outra gigante do mercado financeiro também teve o anúncio do encerramento de suas atividades na última sexta-feira (10). A americana Silicon Valley Bank (SVB), conhecida internacionalmente por, principalmente, promover o financiamento a startups, e é a maior falência de um banco americano desde 2008, ocasião em que iniciou-se um efeito dominó no sistema financeiro americano, levando a uma das maiores crises financeiras que os EUA já vivenciaram.
Luciano Bravo, um dos maiores especialistas no Brasil em captação de crédito internacional a empresas brasileiras, garante que as pequenas e médias empresas não sofrerão – ou sofrerão bem menos, com o colapso do Credit Suisse e a falência do Silicon Valley Bank.
“A turbulência de quebras de bancos em economias de primeiro mundo afetam o crédito em todo lugar do planeta, principalmente pelo fato de que os governos precisam 'socorrer' esses bancos através de outros bancos. Isso (esse movimento), por si só, já aumenta a rigorosidade e torna mais difícil a concessão de crédito para empresas de países emergentes. Porém, esses impactos não serão sentidos pelas pequenas e médias empresas no Brasil, principalmente por contarmos, no nosso país, com um tipo específico de operação de crédito, que é a hard lander, que se refere à capacidade de o cliente, tomador de crédito, de dar uma garantia imobiliária”, explica o especialista, tranquilizando os empresários brasileiros.
O especialista aponta, ainda, que a dificuldade de tomada de crédito não será nem melhor, nem pior que a dificuldade atualmente enfrentada, apontando que sempre o melhor caminho é a tomada de crédito internacional que, mesmo diante dessas incertezas, enxergam na garantia imobiliária, a segurança necessária para emprestarem dinheiro às empresas brasileiras.
“Se falar da ‘turbulência’ provocada no mercado internacional para as grandes empresas, sim! Mas, quando se olha para a média empresa, isso não afeta absolutamente nada, principalmente pelo sistema desenvolvido pela Savel e pela Inteligência Comercial para o Brasil, que se baseia em clientes com perfil de crédito brasileiro e com imóveis no Brasil.”, conclui o especialista, salientando, ainda, que mesmo com a troca de governo, os atos de vandalismo em Brasília, mesmo com a Selic alta e com o colapso de bancos internacionais, o empresário brasileiro ainda conta com investidores internacionais para captação de recursos financeiros.
Enquanto isso, as ações do SVB despencaram mais de 60% desde o anúncio do encerramento das atividades até o presente momento, enquanto as ações da Credit Suisse também desceram cerca de 55% somente nesta segunda-feira (20).
Em nota, a SVB informou que possui mais de 3,3 bilhões de dólares em dívidas não garantidas, e cerca de 3,7 bilhões em ações que poderiam ser liquidadas na falência.