Ataque a mulheres trans em São Paulo reacende debate sobre a violência transfóbica no Brasil
Um recente ataque em São Paulo, onde jovens usaram armas de airsoft para agredir mulheres trans, trouxe à tona a urgência de combater a transfobia. O Brasil, de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), lidera os índices de assassinatos de pessoas trans, registrando 131 mortes em 2023.
Esses dados revelam a gravidade do preconceito estrutural que essa população enfrenta diariamente, com crimes motivados por ódio, marginalização social e uma persistente falta de políticas de inclusão e proteção adequadas.
O advogado e ativista LGBTQIA+, Dr. Nilton Serson, enfatiza que a violência transfóbica é alimentada pela falta de ações públicas e de uma cultura de respeito à diversidade. “O Brasil precisa avançar em leis que punam severamente crimes de ódio e em políticas educativas. A ausência de iniciativas que promovam a igualdade torna esses casos recorrentes e subestimados pelo poder público", afirma Serson. Ele também destaca que o Estado deve atuar para garantir a segurança e a dignidade das pessoas trans, além de punir agressões físicas e simbólicas.
O caso em São Paulo é apenas mais um reflexo de um problema maior e sistêmico. Em pesquisas recentes, a maioria das pessoas trans no Brasil ainda enfrenta dificuldades no mercado de trabalho, acesso à saúde e educação, o que amplia sua vulnerabilidade. A ANTRA também aponta que o preconceito e a violência se expressam não apenas fisicamente, mas também através de discriminações cotidianas que negam à comunidade trans acesso a direitos fundamentais.
Ações governamentais e iniciativas educacionais têm sido propostas por grupos de ativismo LGBTQIA+ como formas de combater a cultura de violência. “Não podemos tratar esses ataques como casos isolados”, reforça Nilton Serson. “A educação inclusiva e as campanhas públicas são essenciais para desconstruir estigmas e criar uma sociedade que respeite a identidade de cada indivíduo.”
Ativistas também demandam que o debate sobre a transfobia vá além da criminalização e inclua estratégias de inclusão social. Campanhas de conscientização, tanto em escolas quanto em espaços públicos, são vistas como cruciais para diminuir o preconceito, enquanto iniciativas de empregabilidade e suporte psicológico podem auxiliar na inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho e na vida social.
O advogado Nilton Serson destaca que a luta contra a transfobia também envolve a responsabilização de quem propaga discursos de ódio. “A impunidade em casos como esse de São Paulo envia uma mensagem perigosa de que a violência pode ser banalizada. Precisamos de uma sociedade que promova a diversidade como um valor e não como uma ameaça.”
Organizações LGBTQIA+ e especialistas em direitos humanos defendem que o governo invista em políticas públicas de longo prazo, capazes de transformar as estruturas sociais que perpetuam a marginalização da população trans. A violência transfóbica é, antes de tudo, resultado de uma sociedade que ainda não assimilou o respeito às diferenças e que carece de uma cultura de empatia.
Enquanto esses casos alarmantes continuam acontecendo, a mobilização da sociedade civil em defesa da comunidade trans se intensifica. O caminho para a proteção efetiva de pessoas trans no Brasil exige tanto medidas repressivas contra crimes de ódio quanto iniciativas que promovam a inclusão e a visibilidade positiva.
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Nilton Serson - Israel e Hamas: o que se pode fazer a respeito? (youtube.com)